quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Parashá Itro - Um choque de gestão!


                                         
Amigo, já tivestes o desprazer de trabalhar com um daqueles pitorescos profissionais, dirigentes ou voluntários que centralizam em suas mãos as mais variadas e até mesmo contraditórias funções, sob o pretexto discretamente alardeado aos quatro cantos do universo, de serem os mais experientes e abnegados elementos da equipe, ou da comunidade?

Já te destes conta de que geralmente os fardos extras que estes “líderes” escolhem suportar, curiosamente trazem consigo alguma glória ou bônus, que acaba por torná-los mais semelhantes a asas do que a fardos?

Amigo, você já sacou que varias destas funções extras, se não fossem “anexadas” por estes abnegados palatinos do voluntariado, estariam prontas para serem desempenhadas por promissores jovens que através de sua disposição e renovação se destacariam, possivelmente vindo a ofuscar alguns obsoletos e oportunistas veteranos? 

Pois é... Agora imagine como reagiria um destes nobres oportunistas se recebesse uma visita inesperada de seu sogro na instituição onde se promov... quer dizer, trabalha, e que este viesse logo de cara com uma batelada de críticas a sua gestão e com sugestões que promovessem a descentralização e a distribuição do poder concentrado em suas mãos.
Não sei como reagiria nosso colega, mas se pudesse, eu lhe recomendaria uma leitura de “auto ajuda”, facilmente encontrada na Parashá desta semana.

A Lição:
 Nesta parashá, a Torah nos conta sobre o reencontro de Moises com seu sogro Itro e com sua esposa e filhos após o êxodo do povo hebreu do Egito.

Continuando este relato, somos informados de que Itro, logo após os salamaleques iniciais, da um puxão de orelha em Moshe por perceber o quanto este centralizara o poder em suas mãos, tendo se tornado o único juiz do povo de Israel.

Um pouco mais adiante conhecemos o famoso conselho de Itro: Formar uma nova geração de juízes, de modo a descentralizar o poder, otimizando os resultados e fomentando o desenvolvimento do povo como um todo e principalmente de sua juventude, responsável por seu futuro e continuidade.

Como Moshe reagiu ao que muitos chamariam de ingerência inoportuna?
Da forma mais humilde e eficaz possível! Implementando a descentralização aconselhada por seu sogro e organizando o povo de forma a estarem preparados para receber as leis da Torah, próximo passo em sua jornada espiritual rumo a terra prometida!

Alo! Alo! voluntariosos voluntários: Humildade? A gente vê por aqui!

Chega de "Blablabismo"! Torah não é discurso, nem de palanque e nem de púlpito! Torah é dia a dia. Torah é vida... e judaismo é atitude!!!
More Ventura!

Um comentário:

Rabino Uri Lam disse...

querido Gilberto Ventura, o choque de gestão vale para voluntários que não se dispõem a distribuir o (pouco) trabalho que fazem, para não terem que dividir o (muito) cavod esperado. no final, o resultado é pouco resultado e muito cavod, por motivos obscuros. Muitos voluntários pode significar muito resultado e cavod coletivo, inspirando a humildade, a satisfaçao pela realizaçao em si de se doar ao próximo de coraçao, e nao pela promoçao.
mas isso tb vale para profissionais, líderes religiosos, políticos, etc. a chama de uma única vela pode brilhar muito enquanto ficar acesa - como o amor eterno de Vinicius de Moraes. Mas a sua mensagem e lembrança somente ficarao acesas se souber distribuir a chama com outras velas, e estas com outras... teremos muito mais luz e por muito mais tempo, e o cavod será de todos.
enfim, belo texto - me senti em casa com ele :-) e vai dormir, moré, que já é tarde. amanhã tem muita luz prá espalhar :-) grande abraço, saudades, e desejos de dividir com você tantas atividades que possam espalhar luz por aí. laila/boker tov, moré (a)ventura!